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terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

ENTREVISTA (POSSÍVEL) A SÃO PEDRO

Ando farto de chuva, granizo, vento forte e ondas alterosas além do frio intenso que me faz tremer mesmo em casa com o aquecimento ligado. Não há dia nem hora que não reclame do péssimo tempo que faz até que alguém me sugeriu, porque não fala com o São Pedro?
Não é tarde nem é cedo, pensei.
Tomei o primeiro transporte e lá fui eu directo às portas do céu.
Lá estava o tal velhinho que, segundo o Evangelho de Mateus, foi nomeado por Jesus quando lhe disse: "Eu te darei as chaves do reino dos céus e o que ligares na Terra será ligado nos céus". De facto, pendiam-lhe à cinta as chaves com as quais abre e fecha as portas celestiais…
Dirigi-me a ele que mal me olhou de tão atarefado a rodar manípulos de todos os tamanhos e feitios das torneiras.
Olá São Pedro, sou eu o Jorge.
Sim eu sei, conheço-te de ginjeira e, na minha opinião, não conheço grande coisa.
Fiquei calado. Não estava nada à espera de tal “elogio”… Mas o homem estava de tal modo atarefado que acabei por compreender e desculpar a má disposição do velhote.
Comecei um pouco a medo da reacção que as minhas palavras poderiam provocar.
Sabe, vim aqui por causa do tempo que faz lá em baixo…
E pensas que não sei o que se passa? Isto está um caos. E continuava a rodar as torneiras na tentativa falhada de estancar o fluxo de água que se escapava por todos os lados. Não tenho mãos a medir.
Porque não pede ajuda aos anjos?
Não estão para se matar, não querem sujar as asas. Andam para aí a fingirem-se muito ocupados e fazem uma ventania com o bater das asas…
Ah, agora compreendo o motivo daquelas rajadas fortes de vento que se fazem sentir há vários dias…
Sim mas agora deixa-me, não tenho tempo para entrevistas.
Mas afinal o que se passa, não consegue fechar as torneiras?
Não amigo, estou há dias a tentar. Não sei mas calculo que sejam as “bábulas”. Estão moídas e precisavam de ser substituídas mas não me dão verba. A crise também já chegou aos céus.
Muito bem. Estou esclarecido mas também não posso ajudá-lo. Não entendo nada de válvulas e torneiras.
Vai, vai, ainda não tens visto para atravessar estes portões, nem sei se algum dia terás…
Além disso, só me estás aqui a atrapalhar.
Sem mais palavras de parte a parte, acenei-lhe um adeus e regressei a este país tão castigado por causa das “bábulas” gastas e da ausência de verba para as substituir.
E foi esta a entrevista possível com o São Pedro.
Lamento informar que tão cedo não teremos melhoria de tempo a não ser que alguém se lembre de fazer uma coleta para ajudar a substituir as torneiras celestiais…

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