É na forma
de gato que por vezes me segreda as mais cruas realidades. Outras vezes, apenas
intrigas e mentiras. Por isso nunca sei se devo ou não dar crédito a tudo
quanto a ronronar me segreda…
Já por
diversas vezes aqui expressei que o gato não é o meu animal preferido. Nada que
se relacione com o seu aspecto pois que os considero de rara beleza e muito
menos com a sua personalidade que muito admiro. Talvez seja o receio da sua
imprevisibilidade, ora ronronam ora nos cravam as unhas…
Mas tenho
que reconhecer que há uma característica que nos une: a rebeldia e o fôlego com
que enfrentamos a vida…
Não
encontrei forma melhor para exteriorizar a minha admiração pelo bichano do que
esta ode ao gato de José Jorge Letria,
in "Animália Odes aos Bichos"
a rebeldia que desassossega,
a matéria compulsiva dos sentidos.
Que ninguém nos dome,
que ninguém tente
reduzir-nos ao silêncio branco da cinza,
pois nós temos fôlegos largos
de vento e de névoa
para de novo nos erguermos
e, sobre o desconsolo dos escombros,
formarmos o salto
que leva à glória ou à morte,
conforme a harmonia dos astros
e a regra elementar do destino.
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