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quarta-feira, 31 de maio de 2017

DIA DOS IRMÃOS

Ao meu morto querido

«Olha o nosso irmão Sol, nossa irmã Água…»
Ah! Poverello! Em mim, essa lição
Perdeu-se como vela e mar de mágoa

Batida por furiosos vendavais!
- Eu fui na vida a irmã de um só irmão,
E já não sou a irmã de ninguém mais!

                                                         Florbela Espanca

AFINAL, DE QUEM É A CULPA?

Esta mania de não assumir a culpa não é um exclusivo do povo português, contudo este povo goza dessa fama perante o mundo. Dizem que este povo tem a estranha mania de não assumir a culpa, seja do que for. Não há dúvida que se trata de uma maneira de ser no mínimo estranha!
Com efeito, somos um povo especial, muito diferente dos outros povos latinos. Somos um povo melancólico, até certo ponto contraditório, que se distingue dos outros povos, apesar do sangue latino que nos corre nas veias. Começando pela tolerância, apanágio do português daí ser apelidado de povo de brandos costumes, não parava de lhe tecer elogios. Mas no que diz respeito a carregar com a culpa, o português nunca assume a parte que lhe cabe nessa responsabilidade. As coisas acontecem por que é esse o seu destino, são fruto de um DESTINO contra o qual nada se pode fazer. Tudo que acontece é fruto desse destino cruel e fatídico.
Ao português é que não cabe a culpa seja do que quer que aconteça. Se o país está como está, a culpa é dos maus políticos que temos. No que respeita ao futebol, se perdemos, a culpa é dos árbitros que não sabem o que estão a fazer. Se os nossos filhos ou netos reprovam, a culpa é da professora que não sabe ensinar. Se o médico não acerta no diagnóstico, a culpa é do médico que é incompetente e por aí fora…
Como povo latino, o português já demonstrou a capacidade de realizar grandes coisas como o comprova a história, não ignorando que somos um povo especial.

terça-feira, 30 de maio de 2017

BRINQUEDOS QUE EDUCAM

Confesso que até há bem pouco tempo desconhecia o Fidget Spinner e não fui eu quem trouxe a novidade cá para casa. Na realidade, o meu neto já conhecia da o tal brinquedo muito vulgarizado na escola. Em inglês, chama-se Fidget Spinner, como todo o produto que ostenta uma certa griffe. O que é certo é que está na moda e toda a criança que se preza, possui um pelo menos. Por isso, os meus netos não podiam ficar à parte destas tendências da moda.
Este brinquedo não é mais duma pequena peça que gira em torno de um eixo central e adquire as mais variadas cores de acordo com a cor que lhe é introduzida. Aí é que reside o padrão colorido que interfere com a nossa saúde. De acordo com as previsões mais optimistas, o brinquedo pode vir a ser esquecido, daqui a uns três meses.
Usando as palavras de conceituados pedopsiquiatras, o engenho torna-se benéfico no tratamento de crianças com autismo, défice de atenção e hiperatividade. Este aparelho tem um efeito no organismo semelhante à ritalina.  Estes, são motivos mais do que suficientes para deixar a sua criança brincar com o Fidget Spinner, mesmo durante as refeições…
Trata-se dum aparelho que utiliza o movimento de rotação como ajuda no fornecimento ao cérebro de um certo conforto. Quem diria!
Conclusão, se vir alguém brincar com um aparelho rotativo deste tipo, não se insurja, pode muito bem tratar-se de um efeito terapêutico.

terça-feira, 23 de maio de 2017

DE VOLTA AOS LIVROS

Contrariamente ao que é regra, primeiro vi o filme e só muito mais tarde me deixei levar pela leitura faseada do livro. Não é de admirar se pensarmos que as regas existem para que eu as possa ultrapassar…!
A escolha, desta vez, caiu sobre o livro A culpa é das Estrelas se é que se pode falar em escolha. Elegi a obra por se encontrar sobre a mesa de cabeceira, por ser de fácil leitura, por recomendação insistente da terapeuta e por ser um bom início de leitura…
No entanto, recomendo a leitura da obra do premiado autor Jhon Green que, nos apresenta duma forma brilhante a aventura divertida, empolgante e trágica que é estar-se vivo e apaixonado. Fui obrigado a usar as palavras de lançamento do livro por serem verdadeiras além de não encontrar outras que melhor definam a obra.
Durante a leitura, há frases que ficam retidas no cérebro como:
- Os bons amigos são difíceis de encontrar e impossíveis de esquecer. (diz Waters, pai de Augustus, num dos seus encorajamentos. Fica-se com a frase no ouvido que mais tarde emerge intacta do nosso cérebro. Noutra página, na voz de Augustus, esbarra-se com a frase:
- Não me digas que és uma daquelas pessoas que se transformam na sua doença. Conheço tanta gente assim.
Neste momento, pára-se a pensar na multidão de gente assim que se conhece…! Cada vez menos, é certo, mas ainda assim uma grande percentagem
Ninguém tem culpa do MAL que nos assola, mas havendo necessidade de culpar alguém ou alguma coisa, que a culpa seja apenas das estrelas...

sexta-feira, 19 de maio de 2017

QUEM ESPERA...

Como em todas as lendas gregas há um fundo moralista em cada uma e esta não podia fugir à regra.  Conta-se que Pandora, a primeira mulher enviada à Terra pelos deuses, transportava consigo uma caixa da qual desconhecia o conteúdo. Um dia, não resistindo à sua curiosidade, decidiu abrir a caixa libertando todos os males do mundo tal como hoje o conhecemos.
Quantas vezes, se transporta numa caixa, não os males do mundo, mas emoções e sentimentos agarrados ao passado? A parte física pode ser muito ou pouco afectada, mas os sentimentos, as emoções lá estão intactos guardados na referida caixa.
Infelizmente não subsiste um mínimo de curiosidade por saber o que a caixa contém. Sabe-se muito bem o que foi guardado na tal caixa…
É claro que não esqueço que, na lenda grega, Pandora vendo o mal que fizera, fechou rapidamente a caixa. Contudo, não foi tão rápida que permitisse a Esperança de sair…

quarta-feira, 17 de maio de 2017

UMA SINGELA HOMENAGEM

Não sou muito de homenagens, contudo abro uma excepção quando se trata de alguém muito próximo, como é o caso. Desta vez e por que sempre me lembro desta poesia quando se fala em insónias, noites mal dormidas ou dias que tardam em chegar…

Ó dia! Vem!...
Vem afastar a noite imensa
onde a minha dor não cabe
vem ofertar-me a esperança
na harmonia dos sons prenunciando a alvorada,
nos tons suavíssimos do horizonte
quando sorris despontando,
na volúpia morna do sol regressando!...

Ó dia! Vem!... vem na bênção da manhã!...
E à tarde,
quando imperturbáveis
rolarem as horas quentes do desejo,
- Aquelas horas de pasmo
que a Natureza gerou
para os seres se possuírem,
quando os meus olhos se entornarem de crepúsculo,
e a luxuria da tristeza,
e a inconsolável melancolia,
se apossarem de mim, despedaçando-me,
Ó dia! Verte em minha dor o absinto da resignação!...

Ó dia! Vem!...
Vem e não findes neste alucinante assombro!...
Que outra noite
não suceda a esta noite onde enlouqueço!...
Que um outro morrer de dia
Não me envelheça uma vida!...

Ó dia! Vem!
Mesmo se fores o último onde eu viva.

Maria Bernardette

terça-feira, 16 de maio de 2017

UM DIA VEM...

Um dia amanhece como tantos outros. Parece mais um dia. Mas não é. Como tantos outros, amanhece assim, sem nada que o torne diferente! Chega de mansinho como se fosse um dia (atrevo-me dizer) normal. Mas não.
Mais tarde ou mais cedo, inevitável lá vem o dia em que se dá o confronto com a ausência de loucuras, ou então, tenta-se em vão realizar o maior número dessas loucuras. O mal reside em ignorar que a verdadeira loucura está em tentar realizar o irrealizável.
Apesar da idade, seja ela qual for, descobre-se que os anos passados, não foram suficientes para realizar as ditas loucuras. De súbito, a gente apercebe-se que nem sempre foi feito o que devia ser feito nem dito o que devia ser dito…
E assim vai correndo a nossa vidinha até que chega o tal dia em que se descobre com clareza o verdadeiro valor da amizade e percebemos que somos tão importantes para os outros, como somos para nós, …
O dia que parecia igual, torna tudo diferente, mas o maior problema está em que, muitas vezes, nem damos conta disso…!
Há dias em que pensamos tanto que acabámos a ver o que era suposto não ser visto…
Há dias assim.

sexta-feira, 12 de maio de 2017

BOCEJAR, PORQUE NÃO?

Ainda ninguém explicou cabalmente o porquê do bocejar. Há várias teorias que tentam explicar o porquê do bocejo. Como nenhuma explica a 100% a origem e o porquê do bocejo, qualquer interpretação é bem-vinda.
Basta consultar os vários dicionários online para encontrar diferentes explicações para o chamado bocejo. As imensas teorias reduzem-se a dizer que bocejamos por estarmos com sono, fome, aborrecidos ou simplesmente, por ver alguém bocejar. Pesquias mais atuais, explicam o bocejo como uma forma do organismo diminuir a temperatura do corpo. Ultrapassando explicações sobrenaturais, direi apenas que “abrir a boca”, é uma forma de estabelecer um equilíbrio entre energias de dois ou mais indivíduos…
Qualquer que seja a explicação, só sei que me aborreço de morte quando regresso a casa depois de um dia passado longe dela…
Gosto das quintas feiras pela ausência de sessões e consultas. É bom que seja assim e não reclamo por isso. O que me faz bocejar é o tédio que se instala nesses dias.
O que fazer? Sigo com mais atenção horários, controlo horas de saída e de entrada e pouco ou nada mais me resta …

quarta-feira, 10 de maio de 2017

DIAS DE CHUVA E DIAS DE SOL

Parece que o mau tempo voltou. Há quem goste do frio e da chuva! É próprio, dirão, da estação do ano ou da sua localização mais ao Norte. Depois de uma semana cheia de sol e calor, eis que volta o frio e aquele vento húmido carregado de solidão. É claro, que falo em nome pessoal…!
Prefiro os dias de sol, mas como diz Pessoa, um dia de chuva é tão belo como um dia de sol. Ambos existem; cada um é como é. Apesar de considerar Fernando Pessoa como meu mentor, permito-me discordar (em parte). Ambos existem, é inegável, mas continuo a não gostar dos dias de chuva.
Um dia de chuva traz consigo uma certa nostalgia, uma dor estranha que em tudo faz lembrar a dor da saudade…
É já um cliché dizer que a vida é feita de dias de sol e dias de chuva. Cada dia tem um destino a cumprir… Mas um dia de sol dá outra cor à vida!
Há dias de sol assim como há dias de chuva…. Eu prefiro os dias de sol.
Há dias assim.

terça-feira, 9 de maio de 2017

segunda-feira, 8 de maio de 2017

CONTINGÊNCIA OU CONTRADIÇÃO?

Não tem nada demais entrar em contradição relativamente a qualquer coisa. Como ponto de partida, admito que me contradigo e não me envergonho nada disso.
Note-se que a realidade do “antes” não tem nada a ver com o “depois”, sem que isso me sirva de desculpa …. Enfim, quando falo em “contradição” comparo o que pensava antes com o que penso agora, o tal “depois” … O que não assegura que venha a pensar o mesmo amanhã. Não é este um blog de pensamentos? Nada me obriga a manter estanque o pensamento como algo estático que não pode evoluir ao longo da vida. Não fosse eu fruto dessa tal contradição…!
Deixando esse tema para uma próxima oportunidade, refiro-me literalmente às memórias do passado confrontadas com os pensamentos atuais. Estou consciente da contradição de muitos dos textos quando comparados com outros, mais atuais e sob o mesmo tema. Nesse caso, é preciso não perder de vista a data de publicação.
Por outras palavras, direi que a contradição depende (muito) das contingências que vão mudando ao longo da vida….
Dizia eu que não me envergonha a contradição. E é verdade.
Pela mesma ordem de ideias, era também uma vergonha pensar que este é um blog de pensamentos….

domingo, 7 de maio de 2017

TODOS OS DIAS SÃO DIAS

Celebra-se hoje, primeiro domingo de maio, o Dia da Mãe. Porquê hoje? Mil e uma respostas para a mesma pergunta. Basta consultar a Internet.
No entanto, é lamentável que tenha sido necessário estipular um dia para promover com mais intensidade o Dia da Mãe. Mais uma vez me coloco ao lado dos que se opõem a estes dias. Contudo, a maioria dos indivíduos e principalmente o Comércio, defendem a existência destes dias.
Permito-me usar estes termos já que todos os dias são dias de “chamar” aquela que me carregou durante, pelo menos, nove meses. Não há dia que passe sem recordar com tristeza e saudade a Mãe. Por que não fazer com que todos os dias sejam Dia da Mãe dando-lhe o estatuto que ela merece ter?
Há dias em que pensámos na mãe com mais intensidade…

Há dias assim.

quarta-feira, 3 de maio de 2017

GOSTAR (OU NÃO) DE POESIA

Se me pedissem uma definição de poeta, diria que ser poeta é… ser poeta. É-se poeta por devoção, nunca por obrigação. Logo, não existe uma definição plausível de poeta.
Considerando Poesia como um amontoado de versos que podem ou não rimar, torna-se mais fácil definir. Direi então que Poesia é sobretudo uma forma de expressão que usa uma linguagem muito própria, direi mesmo metafórica. Sem pretender construir uma definição correta de poesia, direi que poesia… é poesia. Não se define.
Gostar de poesia, é outra coisa. Ou se gosta ou não se gosta. Não existe o meio termo. Para se gostar de poesia, é preciso saber lê-la e, mais do que isso, interpretá-la. É preciso procurar a essência de cada ode poética o que nem sempre acontece. Caso contrário, a poesia torna-se massuda, chata e sombria.
Já todos perceberam que adoro poesia. Há quem diga até que sou poeta….  Que mais se lembrarão de dizer de mim?
Poeta ou não, cá vou tentando rimar “Vida” com “Dor” de tal maneira que, citando o poeta, chego a fingir que é dor a dor que deveras sente.

segunda-feira, 1 de maio de 2017

O FIM COMO PRINCÍPIO

Desde tenra idade, detesto o fim, seja do que for. Não gosto. Podia recusar qualquer explicação (a idade assim o permite), mas vou tentar explicar o que talvez não tenha explicação.
Hoje fui pela última vez à terapia de posicionamento…. Foi o fim, o culminar de muitas outras sessões, mas um fim. Ao sair da fisioterapia que lhe sucedeu, apercebi-me que se aproxima aquele dia que a maioria dos portugueses anseia, o fim de semana. Mais um fim de semana talvez, mas um fim. Isto sem contar com o próprio mês que se aproxima do fim…. Detesto o fim!
Há muito que venho observando esta estranha aversão pela palavra latina “Fim” sem sucesso, diga-se. Aceitando como definição os termos, conclusão, remate ou morte, fico com a sensação de que morte é a que mais se adequa. Detesto a morte, por isso me recuso (tenho recusado) a morrer. Aliás, não sei qual das palavras detesto mais, se "Fim” ou “Morte”. Contudo, nada na vida é eterno e ficar focado no que já aconteceu é o erro mais comum que se possa imaginar…
Por associação talvez, entre as duas palavras, um fim soa-me a morte, a algo que não volta mais, mas que agora sei não ser verdade. Por vezes a morte é necessária como começo de algo que lhe sucede, mas a mim não me convence.
Recuso o “fim” que transformo sempre em “começo” de qualquer coisa o que não invalida o enorme vazio que se instala quando algo finaliza… seja do que for.
Há dias em que pensámos mais no futuro e só conseguimos ver o passado…
Há dias assim!
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