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quarta-feira, 1 de novembro de 2017

CRUZEIRO DO PADRÃO DA LÉGUA

Não sou religioso e tenho pena. Na verdade devia dizer que a minha fé sofre altos e baixos como uma montanha russa.
Não sabia por que estava ali “plantado” nem imaginava por que lhe puseram o tal nome que absorveu toda a zona até que um dia resolvi recolher informação que me permitisse responder a todas estas questões. Datado do século XVII, pode ver-se no cruzeiro um Cristo esculpido também em pedra que assinala uma légua (6 quilómetros, mais ou menos) entre dois cruzeiros. Além de assinalar a entrada no concelho, é também um ponto de referência para indicar aos peregrinos o Caminho Português para São Tiago. Cá está um detalhe que muito me arrependo de ter deixado “para mais tarde”.
Até certo ponto, é normal que me tenha afeiçoado a este cruzeiro. Olhando através da vidraça, além de outros apartamentos, consigo ver o tal Cristo voltado para mim.
Recentemente o cruzeiro sofreu obras de remodelação que felizmente se limitaram apenas a insignificantes modificações. Acabou mais desafogado depois que demoliram o prédio que o ensombrava e quase o engolia.
Depois que adoeci compreendo a tendência do olhar repousar sobre o cruzeiro. Apercebe-se aquela tendência que existe de se agarrar a alguém ou alguma coisa que esteja por perto. À falta de melhor, agarrei-me a este cruzeiro que vejo da minha janela sempre que a vista quiser. E num murmúrio, quase consigo ouvir aquele pedido de ajuda mudo, que vem de não sei donde e se dirige a parte alguma… a não ser a que existe no fundo de cada um de nós.

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